MUDE A SUA ATITUDE, MUDE A SUA VIDA!

Marcos Pontes
09 /04/2008

Mudanças são elementos essenciais do desenvolvimento humano. É impossível crescer, aprender novas habilidades e ir mais além, sem mudar o nosso velho estilo de vida e os nossos antigos padrões mentais. Isto é, para viver uma vida nova, com mais sucesso e felicidade, precisamos sair da nossa “zona de conforto” e encarar novos desafios, entre eles, e na verdade o principal deles, a necessidade de “ver o mundo de forma diferente”.

Isso significa desenvolver uma interpretação positiva e objetiva do cenário que nos envolve. Portanto, a principal ferramenta que temos para escalar o nosso caminho para o sucesso é a nossa atitude. Ela é tão poderosa que pode tanto nos ajudar como nos ferir.

Uma pessoa com atitude otimista sabe separar eventos de interpretações. Ela consegue perceber que um certo evento não é pessoal, não vai impactar todas as áreas de sua vida e não vai durar para sempre. Ela avalia a situação com fatos e determina o que tem de ser feito para resolver aquela questão. Depois, toma providências de forma objetiva, e continua com seus afazeres planejados para atingir suas metas. Isso é parte do que chamamos resiliência, que é a base da persistência. Através dessa atitude otimista, qualquer pessoa irá, inevitavelmente, atingir todos os seus objetivos na vida. Observe que atitude otimista é diferente de uma atitude tipo “Polyanna”, onde não existe conexão com a realidade.

Por outro lado, uma pessoa com atitude pessimista tende a generalizar negativamente e a transformar um pequeno inconveniente em um “cavalo de batalha”. Na sua interpretação surgem coisas como: “tudo acontece de errado apenas comigo”, “eu não faço nada certo”, “nada vai funcionar”, “isso vai destruir a minha vida...e vai durar para sempre!” Tudo vira um grande drama, e passos essenciais do seu planejamento (se houver um) para a conquista de seus objetivos são esquecidos entre os lamentos. O resultado...você já sabe.

Agora, sendo a atitude algo extremamente importante, precisamos descobrir qual é o fator predominante que a influencia.

Recorrendo às nossas experiências de vida, fica claro que desenvolvemos uma atitude otimista quando acreditamos que somos capazes de “vencer”, ou de ter uma performance boa o suficiente para termos uma boa chance de sucesso.

Eu me lembro bem do meu tempo de esquadrão de caça em Santa Maria, RS. Na preparação constante para defender o país, tínhamos missões diurnas e noturnas. Por alguma razão anterior, talvez por alguma experiência ruim na minha formação de piloto, eu detestava voar durante a noite e acreditava ser um péssimo piloto naquelas condições.

Como resultado, embora meus acertos nos treinamentos de bombardeio fossem muito bons durante o dia, nos vôos noturnos eles eram inconstantes, espalhados próximos ao alvo, o que é ruim para a confiabilidade de missão.

Um dia, o Comando determinou que fôssemos o primeiro esquadrão a realizar missões noturnas à baixa altura, a mais de cem milhas da costa, para treinar os sistemas de defesa dos navios da Marinha.

O chefe de operações me chamou em sua sala e disse que eu seria escalado para liderar as primeiras missões. Falou que minha ficha operacional dizia que eu era especialmente dotado para missões noturnas e que isso deveria ser aproveitado em combate.

Aquilo deu “um nó” em minha cabeça. Como era possível? Eu tinha aqueles resultados inconstantes no alvo e durante toda a minha carreira, os avaliadores consideravam que eu era um ótimo piloto para liderar ataques noturnos! Era certo que a avaliação era feita por pessoal muito mais qualificado do que eu, e que observavam muitos outros fatores.

Ocorre que meu julgamento estava fixado em um ponto único, onde eu não tinha o resultado esperado. Assim, eu generalizava aquele evento para todo o restante da minha performance na missão!

Ali eu notei que eu tinha uma visão completamente errada das minhas habilidades. Minha “expectativa” geral de performance nos vôos noturnos era influenciada por esse modelo mental errado e, em conseqüência, minha atitude era pessimista como um todo. Portanto, minhas ações a refletirem essa atitude, levando a resultados de acertos ruins e realimentando o ciclo negativo.

Saber da verdadeira avaliação fez com que eu mudasse minha expectativa e quebrasse esse ciclo. Passei a me ver como um bom piloto para missões noturnas, esperar bons resultados e ter atitude positiva. Meus acertos tornaram-se excelentes!

Notou como nossa expectativa sobre a nossa performance pode alterar nossa atitude e, em conseqüência, alterar nossos resultados finais? Tenho certeza que você tem exemplos disso em sua própria vida.

Assim, se você quer mudar a sua vida para melhor, dê uma chance para você mesmo: agarre-se em seu sonho, acredite em você, não generalize resultados ruins, procure e concentre-se nos seus pontos fortes, lembre-se das coisas que você faz bem, mude a sua expectativa sobre a sua própria performance, desenvolva assim uma atitude otimista, não tenha medo de mudar a sua visão do mundo, treine, persista, seja honesto com você mesmo e determine onde você precisa melhorar, não tenha medo de sair da sua zona de conforto, treine, persista e conquiste seus sonhos!

 

Marcos Pontes
Colunista, professor e primeiro astronauta profissional lusófono a orbitar o planeta, de família humilde, começou como eletricista aprendiz da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP), para se tornar oficial aviador da Força Aérea Brasileira (FAB), piloto de caça, instrutor, líder de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado pela Naval Postgraduate School (NPS USNAVY, Monterey - CA).
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